Na virada de 2009 para 2010, passageiros a bordo do navio Pacific, que partia rumo a Fernando de Noronha, foram convidados a ceder seus vídeos amadores que registravam a viagem para participarem de um documentário. São esses passageiros e suas imagens espontâneas, engraçadas e pessoais que se tornaram personagens do filme documental Pacific.
O diferencial de Pacific está justamente nesta construção do real: ao invés de remontar situações que poderiam ser reais, utilizando-se de atores, luzes corretas, toda uma equipe de filmagem, um bom roteiro e uma câmera que imitasse a filmagem amadora, optou-se por imagens que nos mostram situações que foram reais, e que mesmo não tendo sido roteirizadas e sido mal filmadas, formam um retrato mais apurado do que realmente é, para aquelas pessoas (agora personagens) estar a bordo do Pacific.
Claro, isso não significa que o que está registrado em vídeo seja realmente um retrato fiel e apurado do que se passou na vida daquelas pessoas durante a viagem. Há de se levar em conta que ninguém filmou cada segundo dos seus passos, 24h por dia, todos os dias no navio. Além disso, diante de uma câmera, ainda que somente para um vídeo caseiro, todo mundo assume um determinado nível de “atuação”, de modo a mostrar o seu melhor – ou não, o que resulta nas cenas cômicas como na “releitura” feita por um casal da famosa cena de Titanic, ou das cenas “dramáticas” encenadas por um outro casal ao som de uma música lenta. Logo, o que realmente temos na tela é um dia-a-dia divertido e falsamente espontâneo, sob muitos aspectos, de vários passageiros.
Caso vocês estejam se perguntando como isso aconteceu, eu explico: o diretor do filme, Marcelo Pedroso, colocou uma equipe de produção a bordo do navio, que, durante a viagem, observou quais passageiros estavam gravando coisas com suas câmeras. Ao término da viagem, a equipe contatou essas pessoas que puderam optar ou não em ceder este material para que se transformasse no documentário. Obviamente, nem tudo foi pro material final, mas tudo o que está no filme já tinha sido gravado antes mesmo de as pessoas serem convidadas a participar - o que torna a experiência toda mais real diante da câmera do que se tivesse sido feita "sob encomenda"
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