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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

But We Got Rain: Resenha de A Morte do Cozinheiro


Resenha bem bacana de A Morte do Cozinheiro que chegou pelo Book Tour do Selo!


Link original:

guarda-chuvaroxo.blogspot.com

Quando recebi o email do Selo Brasileiro com a relação dos livros do book tour um deles logo me chamou a atenção. E foi esse, A morte do cozinheiro. Então numa quinta ou sexta-feira ele finalmente chegou na minha caixa de correio. Estranhei a embalagem pequena e quando abri descobri o porquê - ele tem 78 páginas. E de tão acostumada com livros enormes logo me armei de preconceitos. Mas naquele mesmo dia, no ônibus, indo para o trabalho comecei a ler. E foi terrível ter que parar ao chegar no destino. Pois a cada linha, a cada nova ironia o autor conquista até o leitor mais exigente. Pois é impossível não simpatizar (ou até mesmo compartilhar) o drama de Luiz.

Imaginem, ver a pessoa que você ama nos braços de outro alguém. E ainda por cima ter a certeza (mesmo que seja só a sua certeza) que esse alguém nunca será bom o suficiente pra pessoa que você ama. Então você recebe uma ligação anônima avisando que esse alguém pretende matar quem você ama. Não restam dúvidas, esse alguém deve morrer. Porque por amor, tem-se a impressão de que qualquer ato é passível de perdão. E por que deveria ser diferente?

Allan Pitz nos faz mergulhar na cabeça de um dos personagens mais cheios de nuances que eu já conheci. Não é só a história de um individuo que sofre por amor, é um individuo que sofre por amor e se deixa contaminar pelo lado mais sórdido do ciúme, que segue a própria lógica.
O autor faz uso da metalinguagem e convida o leitor a acompanhá-lo durante as reflexões de Luiz. O personagem se torna um advogado de seus próprios atos, te convence de que o homicídio do vil cozinheiro é a única solução. E a solidão em que se encontra não é das melhores conselheiras.

Posso dizer, sem correr o risco de ser exagerada que foi o melhor livro que eu li esse ano. Não há o que se contestar, a história se completa com um final comum, mas de certa forma inesperado. As frases são maravilhosamente bem construídas, e as palavras são estrategicamente coladas, parecendo que não podem ser usadas em outro contexto.


(...)

Longas horas em que nada vejo,

longos passos,

do meu próprio anseio.

Dormir ouvindo os sons da despedida:

Em passos largos...

De quem nunca veio

- Allan Pitz


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